Iza: Porque todo esse brilho é nosso!
Escrito por Daniele Barros
Uma menina surgiu na mídia de repente e começou a conquistar um espaço muito importante na música e na mídia brasileira. Diretamente da Zona Norte do Rio de Janeiro, mas precisamente do bairro de Olaria, surge Iza, 26 anos, nascida Isabela Lima, mulher, negra, que traz em suas canções discursos de autoestima, persistência e resistência, tão importantes para o momento em que vivemos. Assim como Karol Conka, Iza usa tranças, é feminista e empoderada, tudo o que a indústria da música pop no Brasil não via há muito tempo.
Como muitos outros sua ferramenta inicial para mostrar ao mundo sua arte foi a internet, mais precisamente o Youtube fazendo covers de artista como Beyoncé e Amy Winehouse. Contudo, sua paixão pela música já vinha desde criança, mas ela como muitos de nós, teve medo de arriscar e correr atrás de seu sonho. Anos antes de todo este "boom" acontecer, Iza se formou em publicidade e tentou seguir carreira, mas a música tocou mais forte seu coração.
O verdadeiro artista não é aquele que leva entretenimento ao seu público, mas, aquele que além disso, utiliza sua influência e espaço na mídia para plantar bons frutos, defender causas importantes e para ser ser influência e referência positiva. Com pouco tempo de carreira Iza já fala em muitas entrevistas que suas canções são feitas, não só para divertir , mas como reflexos de assuntos importantes e pretende com elas apresentar a sua história e a de muitos brasileiros.
A artista afirma que por ter sido a única criança negra em diversos lugares por onde viveu, inclusive na escola, cresceu acreditando que havia algo de errado com ela e assim, como muitas meninas, alisou os cabelos em prol de mera convenção social, por acreditar que a estética afro a deixava menos aceitável. Hoje ela afirma que reconhece sua beleza como mulher negra e que faz o possível para que sua experiência de vida seja repassada em versos que possam ajudar outras pessoas que vivem a mesma realidade e que sabe a importância de mulheres como ela e Karol Conka estarem na posição onde estão.
“Essas canções refletem minorias antes reprimidas, mas que agora se orgulham de ser quem são. Eu mesma sempre alisei o cabelo para tentar me enquadrar. Um dia coloquei essas tranças para entender quem eu era. Hoje sou mais segura e feliz.”
Iza em entrevista para Vogue
E seu som só confirma essa atitude. Sua nova canção em parceria com Marcelo Falcão do grupo O Rappa, exprime com frases simples, a importância de rompermos obstáculos e corrermos atrás de nossos sonhos apesar das adversidades que a vida e a sociedade nos impõe e como é importante plantarmos esta semente no coração de nossos semelhantes .
“Ainda erguendo os meus castelos, vozes e ecos, só assim não me perdi. Sonhos infinitos, vozes e gritos pra chamar quem não consegue ouvir”.
Trecho da música “Pesadão”, dueto com Marcelo Falcão
Mas a trajetória não é fácil, afinal ser mulher e negra em um cenário tão competitivo e ainda tentar manter um discurso politizado implica muita resistência e auto estima.
“É bastante complicado ter uma opinião e personalidade nesse meio. Mas quem disse que seria simples? É loucura um artista não refletir os problemas de seu tempo. Se você não faz isso, qual é a razão de estar na TV? “
Iza em entrevista para o jornal O Globo
Vamos torcer para que apesar da fama e do sucesso que estar por vir que seu discurso e suas atitudes nunca mudem e se tornem cada vez mais consistentes trazendo consciência e representatividade.
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